Casamento Gay, de João Pereira Coutinho - in Expresso
Casamento "gay"
Abomino histerias.
E o casamento "gay" é histeria.
Segundo dizem, recusar o casamento a pessoas do mesmo sexo é uma "discriminação".
As pessoas dizem a palavra - "discriminação" - e esperam que eu me comova.
Não me comovo.
Claro que é uma discriminação.
E daí?
Todos os dias, a todas as horas, sobre as mais variadas personagens, a sociedade exerce as suas "discriminações".
Se, por mera hipótese, eu pretendesse casar com duas mulheres, estaria impedido pela força da lei.
Não será isto uma "discriminação"?
Por que motivo o Estado impede que três adultos que se amam possam construir uma família em conjunto?
Arrisco hipótese: porque a sociedade estabeleceu os seus códigos de conduta, os seus símbolos, as suas "instituições".
São estes códigos, estes símbolos, estas "instituições" que sustentam a vida em sociedade e não vale a pena questioná-los por cálculo racionalista.
Acabamos por chegar a conclusões francamente lunáticas.
Se o casamento passasse a ser um mero contrato baseado no afecto (a visão sentimental da tribo), não haveria nenhuma razão substancial para impedir todas as formas
possíveis de casamento: entre pais e filhos; entre irmãos; entre duas mulheres e um homem; entre uma mulher e vários homens; etc.
É justo que duas pessoas do mesmo sexo que partilham uma vida em comum possam assegurar certos direitos sucessórios ou fiscais.
Não é justo desmontar o casamento tradicional para acomodar o capricho de uns quantos.
Pior: o gesto apenas abriria uma nova forma de "discriminação" sobre todos os outros - pais e filhos; irmãos; duas mulheres e um homem; uma mulher e vários homens - que são deixados injustamente à porta do matrimónio.
Tenham juízo e, já agora, portem-se como homenzinhos.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
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