domingo, 2 de outubro de 2011

para pensar

Santos excluídos dos nomes das escolas
Publicado na Sexta-Feira, dia 04 de Janeiro de 2008, em Opinião

Sílvio Couto





Segundo o Ministério da Educação – pelo decreto-lei n.º 299/2007 de 22 de Agosto – as escolas básicas e secundárias deixarão de ter como nome identificativo qualquer santo ou santa, mesmo que seja a da denominação da freguesia. Ora acontecendo que, em Portugal, mais de trinta por cento das freguesias têm na sua denominação o nome de um santo ou de uma santa, o assunto parece que vai ser de difícil prossecução.
O decreto-lei, sobre a escolha do nome da escola, diz: «deve criar-se designações com que as comunidades educativas se identifiquem e que sejam facilitadoras da elaboração de cartas educativas, tratamento estatístico e da aplicação das novas tecnologias». Assim o patrono de cada escola deve ser «uma personalidade de reconhecido valor, que se tenha distinguido na região no âmbito da cultura, da ciência ou educação, podendo ainda ser alusivas à memória da expansão portuguesa, à antiga toponímia ou a características geográficas ou históricas do local onde se situam os estabelecimentos de ensino».

Será que alguns dos nossos santos não perfazem muitas destas características? Então, Santo António não é uma personalidade de reconhecido valor mundial? Santa Isabel ou Santa Clara não têm impacto em Coimbra? São Pedro ou São João não envolvem mais do que festejos em tantas e tantas das freguesias, vilas e cidades do nosso país? São Teotónio, São João de Deus ou São João de Brito valem (afectiva, popular e culturalmente) menos do que certas figuras republicanas?

Nota-se, de algum tempo a esta parte, que certas forças – atávicas na sua visão do mundo e da sua evolução – estão empenhadas em retirar os sinais da fé – seja cristã ou outra – da visibilidade pública, esquecendo-se das raízes ancestrais sob as quais está alicerçado o nosso país. Outros tentaram idênticas façanhas e deles já poucos se recordam. Bastará citar a (tristemente) célebre frase de Afonso Costa: ‘dentro de duas gerações a religião será banida em Portugal’ para percebermos que os mentores, fautores e promotores são de igual teor. Ora a esse paladino da anti-religião respondeu Nossa Senhora aparecendo, em Fátima, em 1917... pouco tempo depois da tal ‘profecia’ jacobina!

Certamente que a referência aos santos e às santas – sobretudo se forem portugueses/as – incomoda quem não tem modelos para apresentar a nada nem a ninguém. Nós, cristãos e católicos em particular, temos ‘heróis e santos, que ainda hoje são força para nossa luta de vida, pelo modo simples e frontal com que, muitos deles, viveram e se gastaram pelos outros e para glória de Deus.

Com todas as possibilidades de arrependimento acreditamos que os nossos santos e santos – que são da nossa família da fé e intercessores nesta vida – cuidarão que o combate à fé não ganhe mais esta batalha... de uma guerra que, no fundo, é contra Deus. Mas, ainda que não nos ajudem, continuaremos a servir Deus em Quem cremos, a Quem queremos e a Quem servimos... humildemente.

Para que haja lógica nos comportamentos dos actuais paladinos desta ‘nova’ façanha contra aquilo que cheire a religião sugerimos: não se aproveitem dos feriados de índole religiosa católica... e são oito no conjunto dos quinze nacionais. Não façam ‘pontes’ de não trabalho (pois de ócio mais parecem significar) por ocasião dos (ditos) ‘santos populares’ nem se espreguicem na praia ou em qualquer outro lugar, por ocasião da Páscoa, se esta nada lhes diz... Trabalhem mais e flauteiem menos... à custa daquilo que tão ardilosa, malévola e acintosamente combatem!

Aos responsáveis da Igreja Católica dizemos: não se calem e espicacem os fiéis – usando os meios que melhor discernirem em conjunto ou em cada diocese – para que se saiba, afinal, com quem (sobretudo dentro da Igreja) contamos... Se é que isto é importante para sermos sinais de Deus neste mundo!

Não se encolham/calem agora, ou, de futuro, teremos de enfrentar a possibilidade de virem a ser retirados os nomes de santos/as da designação dos hospitais, das ruas, das ermidas e talvez mesmo seja criada a impossibilidade de colocar nomes de santos e santas às pessoas, quando forem ser registadas... no civil laico, republicano e qualquer outro ‘ista’!

1 comentário:

Anónimo disse...

Se se preocupassem mais com a educação em vez do nome das escolas a "coisa" era capaz de correr melhor...

Mas a verdade é que quando toca a "fazer nenhum" os santos até dão jeito...

Por este andar, amanhã o problema não é a falta de emprego, mas a cor de que está pintado o edifício da empresa...

Parabéns PORTUGAL...