terça-feira, 12 de abril de 2011

A crise, a alienação política e o "homem novo"

A crise, a alienação política e o "homem novo"

Nos últimos tempos tem sido utilizado, por diversas vezes, o termo
"esquizofrenia" no discurso dos líderes partidários. Não obstante discordar
da utilização de termos médicos no linguajar político, devo admitir que,
pelo que temos assistido nos últimos tempos no nosso país, seja inevitável
dar um nome ao destempero que parece ter tomado conta de alguns dos nossos
políticos, cujas decisões não parecem enquadrarem-se no nosso mundo, mas
noutra realidade; uma realidade psicótica.

Sou de uma geração de psiquiatras que, devido aos avanços farmacológicos, ao
longo dos últimos anos tem assistido com entusiasmo à diminuição dos
internamentos de doentes com patologias psiquiátricas mais graves.
Simultaneamente presencio, com perplexidade e impotência, ao aumento de
internamentos de indivíduos com "doenças sociais", para as quais os
psicofármacos não têm solução. Mas como é que se promove aalienação de uma
sociedade?

As enfermarias psiquiátricas enchem-se quando se transmite aos portugueses a
ideia delirante de que o trabalho não é o único meio para alcançar a
riqueza e o progresso; ou seja, quando se divulga a ideia de que o dinheiro
se pode multiplicar indefinidamente, desligado de uma riqueza de índole
natural. Com esta mensagem, arrojada e moderna, gerou-se uma ânsia
facilitista, alimentada por um consumo crescente e um crédito fácil. O
indivíduo inconformado com a sua pobreza, foi instigado a lutar contra a
injustiça capitalista, endividando-se compulsivamente, sem compreender que,
com este acto irreflectido, estava a destruir-se a si mesmo.

O consumo serviu, durante algum tempo, para anestesiar a dor e o sentimento
de revolta de quem sempre trabalhou muito e enriqueceu pouco. Portanto,
foi-se mantendo o povo, absorto e adormecido, nesta frivolidade
materialista. O Estado, indolente e anafado, aparentemente nada fez para
contrariar esta alienação, parecendo até que desejava mantê-la. E o
atrevimento foi grande. Recorrendo a uma máquina de propaganda bem montada,
multiplicaram-se as cerimónias faustuosas de consagração pública de um
paraíso e bem-estar que, na verdade, nunca existiram. E foi neste ambiente
tresloucado que surgiram dois tipos de posturas políticas: os que que
procuravam defender a realidade e os que promoviam a alienação. Enquanto os
primeiros mostravam-se abertos a reavaliar as suas opiniões, à medida que se
confrontavam com a consistência dos factos, os segundos apresentavam a
extraordinária capacidade de perseverar na fantasia e de incorporar no
discurso político todas as contradições que inevitavelmente acabavam por
surgir. Curiosamente, foram "os mercados" (os mesmos que meses antes se
dedicavam a alimentar a ilusão da nossa falsa riqueza) que terminaram com a
disputa entre as duas visões políticas.

Convém reconhecer que os urdidores da política fantasmagórica, que grassou
entre nós, deram provas de uma grandiosa perícia: fizeram crer que Portugal
necessitava urgentemente de um "homem novo", preferencialmente laico,
doutrinado pelo Estado, desvinculado da família, relativizando o valor da
vida humana e defendendo com ardor uma moral subjectiva. Foi com a alegria
própria de um sábio e a segurança de um déspota que nos disseram que o país
necessitava de grandes reformas, já que estava dominado por um enorme atraso
social e submetido a um feroz pensamento retrógrado. Mas em vez de
destruírem o atraso, destruíram as mentes sadias de muitos portugueses.

Cada um pode extrair os ensinamentos que quiser deste interstício de
insanidade, onde o sonho substitui a acção e o sonhado tem o valor de
vivido; onde a mentira e a verdade se tornam indistinguíveis. Seja como for,
recuso-me a acreditar em qualquer tipo de "homem novo" arquitectado
politicamente. Recuso-me a aceitar que os portugueses se tornem num povo
lobotomizado e que o país se transforme num manicómio com paredes
invisíveis, onde cada um é acometido por uma profunda indiferença para com
os acontecimentos que se passam em redor, mesmo quando colidem com os seus
interesses vitais.

Pedro Afonso
Médico Psiquiatra
In jornal SOL
08.04.2011

sábado, 2 de abril de 2011

http://www.youtube.com/watch?v=5AC4Vaj86IY&feature=related

APELO A SANTO ANTÓNIO

APELO A SANTO ANTÓNIO
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> Fantástico poema popular
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> Ó meu rico Santo António
> Meu santinho Milagreiro
> Vê se levas o Zé Sócrates
> P'ra junto do Sá Carneiro
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> Se puderes faz um esforço
> Porque o caminho é penoso
> Aproveita a viagem
> E leva o Durão Barroso
>
>
> Para que tudo corra bem
> E porque a viagem entristece
> Faz uma limpeza geral
> E leva também o PS
>
>
> Para que não fiquem a rir-se
> Os senhores do PSD
> Mete-os no mesmo carro
> Juntamente com os do PCP
>
>
> Porque a viagem é cara
> E é preciso cultivar as hortas
> Para rentabilizar o percurso
> Não deixes cá o Paulo Portas
>
>
> Para ficar tudo limpo
> E purificar bem a cousa
> Arranja um cantinho
> E leva o Jerónimo de Sousa
>
>
> Como estamos em democracia
> Embora não pareça às vezes
> Aproveita o transporte
> E leva também o Menezes
>
>
> Se puderes faz esse jeito
> Em Maio, mês da maçã
> A temperatura está a preceito
> Não te esqueças do Louçã
>
>
> Todos eles são matreiros
> E vivem à base de golpes
> Faz lá mais um favorzinho
> E leva o Santana Lopes
>
>
> Isto chegou a tal ponto
> E vão as coisas tão mal
> Que só varrendo esta gente
> Se salvará Portugal
>
>
>
> Portugal pode salvar-se
>
> Se se livrar destes matreiros
>
> vê lá tu ó casamenteiro
>
> que cá já casam paneleiros
>