sexta-feira, 23 de abril de 2010

Nota Pastoral sobre a Visita do Papa Bento XVI a Portugal

Nota Pastoral sobre a Visita do Papa Bento XVI a Portugal
Reavivar a fé, dinamizar a esperança, revigorar a caridade e fortalecer a unidade


A visita do Papa Bento XVI a Portugal é um acontecimento de singular importância e, por isso, deve ser preparada condignamente, não apenas no brilho exterior e no ambiente festivo, mas sobretudo no horizonte da fé, da construção da unidade eclesial e de uma sociedade mais justa e fraterna.

Vem até nós como peregrino e a Igreja em Portugal deverá caminhar com o sucessor de Pedro, redescobrindo no cristianismo uma experiência de sabedoria e missão.

Sabedoria vivida no conhecimento das realidades terrestres, a partir de uma referência a valores, de modo que, na fidelidade à identidade cristã, sejamos capazes de dar um contributo positivo à construção de uma sociedade mais justa; missão como itinerário de uma vida que se quer mergulhada no mundo, mas diferente em opções e atitudes, e que, sobretudo pelo exemplo, anuncia Cristo e a sua boa nova.

1. PREPARAÇÃO ADEQUADA

Há uma feliz coincidência entre o tempo que antecede a visita do Santo Padre e a vivência litúrgica da Quaresma e do Tempo Pascal.

1.1. Na Quaresma, será importante reflectir e responder aos desafios da mensagem preparada pelo Papa Bento XVI: “A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo” (cf. Rm 3, 21-22). Destacamos três pensamentos:

– A justiça será possível na medida em que se der ao homem o que ele verdadeiramente requer: Deus. Isto acontecerá através do testemunho de comunidades que se deixaram converter pelas interpelações de um anúncio fiel do Evangelho.

– Comprometer-se com a justiça exige trabalho interior para afastar uma “força de gravidade estranha” que permanentemente nos impele para o egocentrismo, a afirmação pessoal e o individualismo. Só vivendo em conversão permanente, a Igreja poderá apresentar‑se com credibilidade, num mundo em que se pretende impor o relativismo e o indiferentismo.

– Ser justo implica assumir uma dinâmica libertadora do pobre, do oprimido, do estrangeiro, da viúva, do órfão... “O cristão é levado a contribuir para a formação de sociedades justas, onde todos recebem o necessário para viver, segundo a própria dignidade de pessoa humana, e onde a justiça é vivificada pelo amor”.

1.2. A Páscoa pode e deve tornar-se tempo favorável para mostrar ao mundo um “rosto de gente salva”, feliz, porque infinitamente amada por Deus. É importante que Cristo actue em nós, nos redima, nos transforme a mente e o coração, nos liberte do mal. Só assim seremos verdadeiros rostos de Cristo no mundo onde Ele nos envia e aí assumiremos o estatuto de apóstolos corajosos que concretizam uma necessária e urgente comunicação de Cristo nos ambientes do agir quotidiano: política e saúde, indústria e comércio, agricultura e pescas, educação e ensino, trabalho e lazer.

O dinamismo da Páscoa de Cristo precisa de encarnar em atitudes e gestos de esperança perseverante e de amor criativo.

2. ACOLHER A MENSAGEM

A visita do Papa não é apenas a Lisboa, a Fátima e ao Porto, mas a todo o Portugal, a todos os portugueses e também aos nossos irmãos imigrantes que trabalham e convivem connosco. O Papa a todos quer saudar, independentemente do seu credo ou da sua ideologia.

Assim, a nossa presença nos diversos momentos e lugares do programa da visita, testemunhará o amor ao Papa e a vontade explícita de aceitar as suas propostas. Para facilitar a comunicação, foi criado um site oficial – www.bentoxviportugal.pt – onde é possível encontrar as mais variadas informações, de modo a dinamizar a preparação, a realização e a continuidade da visita.

3. CONTINUIDADE E COMPROMISSOS

A nossa tradição cristã está marcada pelo respeito, apreço e fidelidade à Igreja de Roma. A cátedra de Pedro e dos seus sucessores, como recorda S. Inácio de Antioquia, é «a que preside na caridade», entre todas as Igrejas locais.

Preparar a visita do Papa Bento XVI e acolher os seus desafios deverá desenvolver em nós os dinamismos seguintes:

– Reavivar a nossa fé através de um encontro mais consciente com a Palavra de Deus, dando às nossas comunidades um rosto missionário.

– Dinamizar a nossa esperança, para podermos abrir caminhos de solução às dificuldades e crises que a nossa sociedade atravessa.

– Revigorar a nossa caridade, dando maior consistência aos inúmeros espaços de solidariedade e acção social, como resposta aos dramas da sociedade, particularmente as novas formas de pobreza.

– Fortalecer a nossa unidade através de um projecto de pastoral comum, acolhido por todas as comunidades, com o intuito de poder responder às alterações civilizacionais em que vivemos.

4. ACÇÕES CONCRETAS A PROMOVER

Confiando na criatividade das Dioceses e Paróquias, Congregações e Movimentos, apresentamos algumas sugestões para a preparação da visita de Sua Santidade o Papa Bento XVI:

– Colocar esta visita nas intenções da oração pessoal e comunitária.

– Aproveitar as acções de formação que a Igreja costuma promover (Retiros, Cursos, Encontros, Palestras, Publicações) para abordar temas relacionados com o Papa: Igrejas particulares e Igreja universal; Missão do Bispo de Roma e Pastor da Igreja universal; Catolicidade e diversidade, obediência e liberdade na Igreja; Temas fundamentais do magistério do Papa Bento XVI, etc.

– Promover e facilitar a participação nas celebrações eucarísticas presididas pelo Santo Padre em Portugal (Lisboa, Fátima e Porto) e noutros encontros de sectores.

Queremos apelar a todos, para que não deixem que esta visita do Santo Padre se esgote num mero acontecimento passageiro, porventura muito participado e festivo, mas que seja antes uma semente que germine e dê frutos de renovação espiritual, apostólica e social.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

incomodo?

A Igreja e a pedofilia
2010-04-06 13:24:41

Abaixo, pode ler uma entrevista que o Padre Gonçalo Portocarrero de Almada concedeu ao Expresso, tendo respondido por e-mail às perguntas que lhe foram feitas. A entrevista não foi usada na peça que o Expresso escreveu sobre o tema da pedofilia e a Igreja, sem que o Padre Gonçalo tenha recebido qualquer explicação ou sequer agradecimento pelo incómodo. Como me parece que é de utilidade para todos com autorização do autor, divulgo-a hoje, agradecendo desde já ao Padre Gonçalo a clareza com que trata o assunto.

1. Qual a sua opinião sobre o fenómeno da pedofilia na Igreja Católica?

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada: Como é evidente, não posso deixar de lamentar todos os crimes de abusos de menores. Não só lamento sinceramente todos os casos de pedofilia como espero que as entidades civis e eclesiais competentes tomem as medidas adequadas para a total erradicação deste fenómeno na sociedade e na Igreja.

Não ignoro, contudo, que a esmagadora maioria destes casos ocorre no seio das famílias, sobretudo das mais disfuncionais, e das instituições do Estado, como o triste caso Casa Pia demonstrou, e não nas instituições da Igreja que, embora também vulneráveis, são, por regra, exemplares no seu desinteressado e muitas vezes heróico serviço aos mais necessitados.

2. Como explica o facto deste fenómeno ter assolado a Igreja Católica?

Pe. GPA: Há um manifesto exagero na afirmação de que este fenómeno tem «assolado a Igreja». Temo que o sensacionalismo criado à volta destes casos e o modo como a Igreja Católica tem sido a eles associada por certa imprensa não seja de todo inocente.

3. Quer exemplificar?

Pe. GPA: Com certeza. Segundo Massimo Introvigne, que cita um estudo de 2004 do John Jay College of Criminal Justice, foram 958 os padres acusados de pedofilia nos Estados Unidos, num período de 42 anos, tendo resultado a condenação de 54, aproximadamente um por ano. Se se tiver em conta que nesse mesmo lapso de tempo foram condenados pelo crime de pedofilia 6.000 professores de ginástica e treinadores desportivos, é necessário concluir que o principal alvo desta campanha mediática não é a pedofilia, que é apenas um pretexto, mas a Igreja e, mais especificamente, o Papa e o sacerdócio católico.

Com efeito, é significativo que, citando Jerkins, a maior parte dos casos de abusos de menores protagonizados nos Estados Unidos por clérigos tenham sido perpetrados por pastores protestantes e não por padres católicos e, no entanto, contrariando a mais elementar justiça e objectividade, são apenas estes últimos, em termos mediáticos, os bodes expiatórios...

4. Entende então que se trata de uma perseguição contra a Igreja Católica?

Pe. GPA: Certamente. Qualquer pessoa de bem, mesmo não sendo católica, vê com preocupação esta crescente onda de intolerância laicista, porque sabe que, hostilizada a Igreja Católica ou neutralizada a sua acção social, quem fica a perder é a família, porque nem o Estado nem nenhuma outra instituição é capaz de assegurar o serviço que a Igreja Católica presta às famílias portuguesas, sobretudo às mais carenciadas.

5. A Igreja portuguesa está a investigar com a necessária diligência as suspeitas sobre padres pedófilos?

Pe. GPA: Muito embora a hierarquia eclesiástica não possa, nem deva, ignorar as suspeitas de padres pedófilos, não só não é sua principal missão investigar estes casos como também não conta com estruturas adequadas para uma tal missão.

Mais do que a lógica da suspeita e da delação, tão ao gosto dos novos fariseus, a Igreja há dois mil anos que se rege pela lógica da confiança e do perdão, seguindo o exemplo do seu Mestre que, embora provocando a indignação dos hipócritas, desculpou a adúltera, como também perdoou a tripla traição de Pedro. Mais do que poder ou tribunal, a Igreja é comunhão e família e, por isso, alegra-se e sofre com todas as glórias e misérias dos seus filhos.

A Igreja, que é santa na sua origem e nos seus fins, é pecadora nos seus membros militantes que, contudo, não enjeita, se neles reconhece um autêntico propósito de conversão.

6. Quer com isso dizer que a Igreja condescende com a pedofilia do seu clero?

Pe. GPA: De modo nenhum, pois a Igreja não condescende nunca com a prevaricação de quantos, investidos na especialíssima responsabilidade do ministério sacerdotal, desonram essa sua condição.

Possivelmente, a condenação mais severa de todo o Evangelho é a que Cristo dirige precisamente aos pedófilos e a quantos são motivo de escândalo para os mais novos. Esse ensinamento evangélico, como todos os outros, não é letra morta na doutrina, nem na praxe eclesial.

7. Pode dar alguns exemplos de documentos da Igreja sobre esta questão?

Pe. GPA: Sem a pretensão de ser exaustivo, permita-me que, a este propósito, recorde alguns dos mais recentes documentos da Santa Sé sobre este particular:

- a instrução Crimen sollicitacionis, de 1922 e que, em 1962, o Beato João XXIII reafirmou e na qual se esclarece a obrigação moral de denunciar estes casos;
- o Código de Direito Canónico, que reafirma a excomunhão automática, ou seja, a imediata expulsão da Igreja, do confessor que alicia o penitente, qualquer que seja a sua idade ou género, para um acto de natureza sexual;
- o Catecismo da Igreja Católica, que renova a condenação da pedofilia;
- e o documento De delictis gravioribus, de 2001, que regulamenta o Motu Proprio Sacramentum Sanctitatis tutela, do Papa João Paulo II que, para evitar qualquer local encobrimento destes delitos, atribui a necessária competência à Congregação para a Doutrina da Fé, então presidida pelo actual Papa.

8. Não obstante esta condenação formal da pedofilia, não é verdade que tem faltado vontade política de aplicar as correspondentes sanções?

Pe. GPA: À hierarquia da Igreja não tem faltado a firmeza necessária para punir os eclesiásticos que incorreram em actos desta natureza. Foi o que aconteceu a um cardeal arcebispo de uma capital centro-europeia, que foi recluído num convento e proibido de qualquer acto público. Foi também o caso do fundador de uma prestigiada instituição religiosa, que foi também suspenso do ministério pastoral, demitido das suas funções de governo na estrutura eclesial por ele fundada, que foi sujeita a inspecção canónica, e obrigado a residir em regime de quase-detenção numa casa religiosa.

9. E se se vier a verificar algum caso no clero português?

Pe. GPA: Como se sabe, graças a Deus não há memória de nenhum sacerdote português, diocesano ou religioso, que tenha sido alguma vez condenado por um crime desta natureza. Se porventura se desse também entre nós algum caso, não tenho dúvidas de que o nosso episcopado, de acordo com as normas a que está obrigado, saberia agir com justiça e caridade.

10. Concorda com as críticas veladas de vários sectores da sociedade que acusam a Igreja de pouco fazer para garantir a total transparência destes processos? A maioria dos casos suspeitos é, regra geral, arquivado pelo Ministério Público. Segundo algumas fontes policiais, «as vítimas retraem-se mais tarde, devido ao ascendente dos alegados agressores».

Pe. GPA: Dada a minha sensibilidade cristã e formação jurídica, causa-me algum desconforto o uso e abuso de expressões tão vagas e perigosas como «críticas veladas», «casos suspeitos», «alegados agressores», porque tendem a criar uma suspeição generalizada. Há um princípio geral de inocência que não pode ser contrariado: um político, um professor, um padre ou um desempregado que seja burlão não faz da sua mesma condição todos os políticos, professores, padres ou desempregados. Se um violador que é engenheiro, como o recentemente detido, não infama todos os engenheiros, nem suscita uma caça aos engenheiros violadores, porque razão um padre pedófilo, se o houver, provoca esta tão desmedida reacção nos meios de comunicação social?!

11. Pode-se dizer que a associação entre pedofilia e sacerdócio católico não é arbitrária, na medida em que é entre os padres que tendem a verificar-se delitos desta natureza?

Pe. GPA: Não, porque uma tal pressuposição carece de fundamento, como as estatísticas mais recentes provam. Por exemplo, na Alemanha, segundo Andrea Tornielli foram notificados, desde 1995, 210.000 casos de delitos contra menores, mas apenas 94 desses casos diziam respeito a eclesiásticos, ou seja, um para cada dois mil envolvia algum sacerdote ou religioso católico. O inquérito Ryan, sobre a situação na Irlanda, é também esclarecedor porque, num universo de 1090 crimes cometidos contra menores em instituições educativas, os religiosos católicos acusados de abusos sexuais foram 23.

12. Talvez alguém entenda que, muito embora haja também pedófilos que não são padres, o crime para que mais tendem os sacerdotes católicos é o abuso de menores.

Pe. GPA: Também não é verdade porque, de acordo com Mons. Scicluna, perito da Congregação para a Doutrina da Fé, que é o organismo da Santa Sé que superintende estes casos, entre os anos 2001 e 2010, houve notícia de 300 casos de pedofilia num total de 400.000 padres. Além disso, os abusos de menores são apenas 10% de todas as acções criminais praticadas por sacerdotes católicos.

13. Mas do ponto de vista da psiquiatria, tudo leva a crer que o celibato sacerdotal é, em boa parte, responsável pelos abusos de menores realizados pelo clero católico…

Pe. GPA: Pelo contrário. Manfred Lutz, um psiquiatra especialista na matéria, afirmou que o celibato sacerdotal não só não incita à prática destes crimes como até favorece uma atitude de respeito e de ajuda aos menores. Esta conclusão científica prova-se também pelo facto de, entre os clérigos condenados por este crime, haver mais pastores protestantes, casados, do que sacerdotes católicos, celibatários, e ainda porque a grande maioria dos pedófilos são casados o que, obviamente, não pode ser usado contra o casamento.

14. Consta na opinião pública que a maioria dos casos suspeitos de padres pedófilos, não é objecto de investigação, nem de posterior procedimento criminal…

Pe. GPA: Se assim é, de facto, não é certamente por culpa da Igreja, que nada tem a ver com as investigações policiais, nem muito menos com as diligências judiciais.

Embora se tenda a crer que a Igreja e o seu clero gozam de um tratamento de excelência na sociedade portuguesa, a verdade é que não deve haver instituição pública nem classe profissional mais maltratada nos media do que a Igreja Católica e os seus sacerdotes.

15. Porque o diz?

Pe. GPA: Permita-me que lhe dê um exemplo. Há uns meses atrás, um pacato pároco português foi detido com enorme aparato por quatro ou cinco polícias trajados a rigor, como se o pobre padre de aldeia fosse um perigoso terrorista, quando na realidade era apenas um mero caçador que tinha por licenciar algumas armas. À notícia, transmitida nos noticiários televisivos, foi dado um aparato que, de não ser dramático, teria sido ridículo, até porque aquele pacífico sexagenário não representava nenhum perigo público. Não foi com certeza por acaso que se forjou toda aquela fantástica encenação, como também não foi por acaso que se convidaram as televisões…

Mas factos ocorridos há dezenas de anos numa instituição pública, como a Casa Pia, e de que foram vítimas dezenas de adolescentes, ainda não conhecem uma decisão judicial… Será isto justiça?!

16. Mas não acha que o incumprimento de uma obrigação por um padre é um escândalo?

Pe. GPA: É verdade que é exigível aos prestadores de serviços públicos uma especial responsabilidade: é razoável que o incumprimento de uma obrigação fiscal por parte um governante seja notícia, mas já o não seja se o prevaricador for um anónimo cidadão. Mas o escândalo não pode ser utilizado como arma de arremesso ideológica, sob pena de que aconteça aos padres católicos de agora o que aconteceu aos judeus alemães, durante o regime nazi.

17. Surpreendem-no estes casos de padres pedófilos?

Pe. GPA: Nenhum pecado é surpresa para nenhum padre e todos os padres sabemos que somos capazes de todos os erros e de todos os horrores. Não é por acaso que, na Semana Santa, a Igreja recorda o tristíssimo caso de Judas Iscariotes, que muito significativamente os evangelistas não silenciaram, quando poderiam tê-lo feito, a bem do prestígio da sua condição sacerdotal e do bom nome da Igreja. Graças a Deus conheço muitos padres, quer seculares como eu, quer religiosos, e confesso-lhe que não conheço nenhum que não mereça a minha admiração.

18. Tem ouvido, mesmo que rumores, de casos de pedofilia por parte de alguns padres? Ou é uma completa surpresa para si a existência deste tipo de casos, que acabam por manchar o nome da instituição secular?

Pe. GPA: Tenho uma enorme devoção por todos os meus irmãos sacerdotes, na certeza de que até no menos bom há, pelo menos, a grandeza do dom e da missão a que foi chamado. Também não ignoro que nenhum de nós, por mais qualidades que possa ter, é indigno dessa graça, pelo que nunca me surpreenderá encontrar nos outros alguma da miséria que diariamente descubro em mim. Mas, mesmo que essa constatação possa de algum modo perturbar-me, confesso-lhe que mais do que a traição de Judas, me admira a santidade e o martírio dos outros onze apóstolos. Talvez por isso, não tenho tempo para ouvir esses rumores de que fala, ou tempo para olhar para essas manchas a que alude e que não ignoro, porque prefiro contemplar a eterna beleza da Igreja, que procuro amar com todo o meu coração.

19. Já denunciou algum caso às autoridades eclesiásticas?

Pe. GPA: Denunciar é um termo que não faz parte do meu dicionário e, como padre, a minha missão não é acusar o culpado, mas perdoar o arrependido.

20. Já teve alguma suspeita de abusos por parte de algum colega seu?

Pe. GPA: Como não é meu hábito falar das vidas alheias, permita-me que, em vez de falar dos meus colegas, lhe diga o que eu desejaria que me acontecesse se caísse numa dessas situações, até porque é isso mesmo que desejo aos meus irmãos sacerdotes.

Se tivesse um dia a desgraça de incorrer nalgum comportamento menos próprio da minha condição sacerdotal, agradeceria que os meus irmãos na fé, padres ou não, tivessem a coragem de me fazerem a correcção fraterna, tal como Nosso Senhor determinou. Se o meu desvario persistisse, não obstante essa caridosa advertência, aceitaria de muito bom grado que o meu bispo utilizasse todos os meios ao seu dispor, sem excluir os civis e penais, para a minha emenda, na certeza de que essa expiação, embora dolorosa, contribuiria decerto para o bem das almas e para a minha salvação.

domingo, 18 de abril de 2010

Padre Emilio Porto, "Só há pedófilos entre padres?"


Depois de estar atento aos diversos artigos publicados no Jornal o “Dever”, nas suas várias edições, do Sr. Padre Emilío Porto, resolvi quebrar um pouco do meu silêncio, sobre alguém que não merece a perca do meu precioso tempo!
Sobre os conteúdos, relatados, por sua pessoa, cito:
Edição 25 de Março de 2010, título “Corrupção do Sagrado”; Edição 8 de Abril de 2010 “Utopismo Religioso”; Edição 15 de Abril de 2010 “Teologia sem censura”; para não falar nos artigos publicados por si no Jornal “Ilha Maior”, que estes, diga-se em abono da verdade, na falta de papel higiénico sei dar-lhes a devida importância!
Caro colega, para teu conhecimento lê o artigo abaixo que publico:
Tirado da Revista ùnica Expresso 1954 10 de Abril 2010, pág 66,Autor.a Inês Pedrosa

Só há pedófilos entre padres?
 
Dos políticos pedófilos é proibido falar. Bendita prescrição.
 
Há uma coisa que eu nunca poderei perdoar aos políticos: é deixarem sistematicamente sem argumentos a minha esperança”, Miguel Torga, “Diário”, 14 de Novembro de 1985.
De repente, parece que o crime de pedofilia é um exclusivo dos sacerdotes da Igreja Católica. Não haverá pedófilos em nenhuma outra religião? E que dizer das religiões – como o islamismo, em diversos países do Médio Oriente – que não só pactuam como aprovam o casamento forçado de meninas com velhos? Ou o crime de pedofilia, desde que consignado pela lei, deixa de ser crime?
Critica-se o Vaticano por não fazer um acto de contrição suficientemente claro quanto aos crimes dos seus membros. Não entendo porque teria a Igreja de pedir desculpa por crimes que nada têm que ver com a instituição enquanto tal. A religião católica condena a pedofilia, como aliás todos os crimes contra as pessoas, sem olhar a credos ou raças. Nem todas as religiões defendem os direitos humanos em absoluto – mas a Igreja Católica do século XXI defende-os. A história é um longo estendal de crimes imperdoáveis – se nos fixarmos nela, não encontraremos um só período, até ao século XX, em que as pessoas tenham sido consideradas todas igualmente dignas. Ainda hoje, em largas partes do mundo, as mulheres, as crianças ou os pertencentes a etnias diferentes da maioritária são tratados como lixo. A famosa Grécia Antiga era um território de senhores e escravos e uma civilização que oprimia barbaramente as mulheres. Sempre que se fala de pedofilia surgem conversas tão eruditas quanto insidiosas sobre as relações intimas de aprendizagem entre homens e rapazinhos na Grécia Antiga – como se as iluminações mentais de uma plêiade de filósofos pudessem justificar o injustificável. O brilhantismo de Heidegger não chega para perdoar o nazismo – antes pelo é contrário:é importante pensarmos como pode uma cultura subir tão alto e descer tão baixo em simultâneo. A cultura alemã, como a civilização grega, são excelentes campos de análise sociológica, politica e fisiológica. Como puderam os espíritos criadores da ideia democrática de polis considerar a cidadania como um privilégio dos supostamente mais aptos? De que modos não vigora ainda hoje este entendimento do mundo?
A mensagem de Cristo é precisamente a oposta – e se é verdade que a Igreja Católica tem um modo hierárquico e ostentatório de ser e de viver que em nada se coaduna com o modo de viver de Cristo ou a palavra dos Evangelhos, não é menos verdade que é ela quem hoje está, muitas vezes só, junto dos desvalidos. Se assumisse a culpa pelos crimes de pedofilia de um conjunto dos seus elementos, a Igreja estaria a sujar a imagem desses seus outros milhares de padres que se entregam a tornar felizes os que nada têm.
Entretanto o julgamento da Casa Pia eterniza-se. Esta semana surgiu a notícia de que uma das vítimas, transformada em mera testemunha porque os abusos de que foi alvo prescreveram, ameaçou fazer justiça pelas suas próprias mãos contra os arguidos. Notícia sem alarde – talvez porque o presumível autor dos crimes de pedofilia já prescritos é, segundo o “Diário de Noticias”, uma “figura do Estado”, cujo nome o Tribunal impede que se revele. Não entendo porque razões hão-de prescrever estes crimes – nem, aliás, quaisquer outros. A pedofilia é um crime que se exerce sobre crianças, ou seja, seres frágeis e totalmente desprovidos de poder. É um crime de que a vitima muitas vezes acaba por se sentir cúmplice, e que afecta irreversivelmente a sua identidade e a sua vida. A prescrição, em particular neste, crime, representa conivência da lei com o criminoso. A mensagem é de que, passado um tempo, não há sequelas nem razão para se falar de crime. A revolta desta vitima remetida à brutalidade do papel de testemunha é a prova de que assim não é – e o silêncio obrigatório em torno da “figura do Estado”  demonstra quem e o quê está a proteger a Lei: o poder e os poderosos. As ameaças da vítima foram relatadas ao procurador pelo próprio psiquiatra, que teve a coragem de enfrentar o paciente e avisá-lo de que o iria fazer (condição necessária para a quebra do sigilo profissional). Se todos os psiquiatras tivessem esta coragem, haveria certamente menos crimes. Mas enquanto se admitir a prescrição deste crime tenebroso, os pedófilos continuarão impunes. E a culpa não é da Igreja – é dos políticos, que fazem leis para proteger, antes de mais, os seus correligionários. Não há pedófilos e pedófilos: todos são criminosos. É mais que tempo de sairmos da Grécia Antiga.”
Realmente esta Senhora, merece todo o meu devido respeito, pela abertura da sua mente.
Não é, como o Ex. Padre que conheço, podes não ser pedófilo, mas que precisas de um grande psiquiatra, lá isso não tenho dúvidas.
Já agora, se quiseres comentar este pensamento aqui no meu blog: http://cristao-do-asfalto.blogspot.com/, não te esqueças de te esconder, como tens feito, nas saias do anonimato.
Para mim os anónimos considero-os todos uns cobardes!
Ao Sr. Padre Porto os meus melhores cumprimentos,afinal, ainda estamos em tempo Pascal, e o nosso Papa Bento XVI, está quase a chegar.
VIVA O PAPA!

sábado, 17 de abril de 2010

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Convocatória para Press Release

Convocatória para Press Release



Vimos por este meio convidar todos os Órgãos de Comunicação Social dos Açores a estarem presentes na conferência de imprensa a ser realizada na Terça-feira, 13 de Abril, no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Roque, pelas 16h, para apresentação e lançamento dos cartazes do evento In/Out Triangle Fashion a 15 de Maio e do WorkShop de Moda de 10 a 15 de Maio.

O workshop de Moda terá como formadoras Cristina Figueiras e Filipa de Castro, uma famosa modelo que vem ao Pico ensinar como estar no mundo da Moda. Este WorkShop prepará também os participantes para o concurso Triangle Top Model que se realiza no dia 15 de Maio inserido no grande evento de moda de carácter regional In/Out Triangle Fashion, um evento que contará com a participação de sete lojas de pronto a vestir (da Madalena, São Roque, Lajes do Pico, da ilha do Faial e de São Jorge) e com um stand de motos, bicicletas e acessórios (Madalena do Pico).

O In/Out Triangle Fashion contará com a presença de F.F, um artista de renome nacional e com novo álbum em 2010e do DJ Gonzo (ex-excesso), também ele uma figura pública no panorama musical nacional e com um novo trabalho a ser lançado brevemente, além de outras inúmeras actuações. Contamos com a sua presença para uma maior divulgação deste que será um grande evento de moda nos Açores.

Para mais informações contacte o 919157722 919157722 / 915296192 915296192 ou o email: aipeventos@gmail.com

Recital de Canto e Piano na Ilha do Pico

Recital de Canto e Piano na Ilha do Pico

No âmbito da Temporada de Música 2010, que conta com o apoio do Museu do Pico, está agendado para o dia 22 de Abril, no Auditório Municipal das Lajes do Pico, pelas 21h30, um Recital de Canto e Piano com Isabel Alcobia (soprano), José Corvelo (barítono) e Carla Seixas (piano).
Isabel Alcobia tem-se apresentado em vários palcos internacionais e venceu os concursos de canto, nomeadamente o Cleveland International Einsteddfod, em Inglaterra, e o Three Arts Scholarship de Cincinnati (Ohio). José Corvelo, barítono, natural da Ilha das Flores, tem-se apresentado com as principais orquestras e maestros a nível nacional e em ópera com prestigiados artistas internacionais. Carla Seixas, pianista, aperfeiçoou os seus estudos com Sequeira Costa e Jean Fassina. Tem-se apresentado em concerto na Europa, na América do Sul, na Índia e no continente Africano entre outros. Gravou com a soprano Lia Altavilla a integral de canto e piano de Francisco de Lacerda.
A Temporada de Música 2010 é uma iniciativa da Presidência do Governo Regional dos Açores, através da Direcção Regional da Cultura, tendo como director artístico Emanuel Frazão e é produzida pela Juventude Musical Portuguesa.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

pedofilia

Crucifica-o!



JOÃO CÉSAR DAS NEVES



Como Nero, os jornais hoje querem convencer-nos de que os padres comem criancinhas.

A pedofilia é um crime horrendo. Pior se o criminoso for educador. Mais ainda se for clérigo. A prioridade em casos tão graves é prevenção, socorro às vítimas e punição exemplar. A Igreja Católica tem de ter regras muito claras para estes casos, e vigilância atenta e severa. E tem.

Então porquê o debate? Ele mistura dois crimes diferentes. As acusações de pedofilia vêm a par de outro crime, muito menos grave mas mais vasto, de difamação contra a Igreja.

Sabemos tratar-se de difamação porque os sintomas tradicionais são evidentes. Primeiro as acusações não se dirigem aos verdadeiros culpados. Quem realmente se ataca são, não pedófilos, mas o Papa, cardeais e bispos. Discute-se, não psicologia infantil, mas política eclesiástica.
Em segundo lugar utiliza-se um truque estatístico clássico. Tomam-se 50 anos, em todo o mundo e acumulam-se todos os casos encontrados. Desta forma demonstra-se o que se quiser; este é o método das provas "científicas" invocadas por horóscopos, charlatães e milagreiros. Empilham-se situações muito antigas e muito diferentes que, juntas, ninguém perde tempo a considerar com atenção. Conta só a imagem global. A imaginação faz o resto. Nunca se questiona a agregação de casos díspares ou a razão de surgirem todos de repente agora.

O terceiro sintoma é não se usarem os indicadores adequados: percentagens. Que peso dos criminosos no total dos sacerdotes? Muito mais importante, qual a percentagem destes casos no total dos abusos? Se o que nos preocupa são as crianças, este dado é decisivo. Os poucos estudos sociológicos sérios mostram que «no mesmo período em que uma centena de sacerdotes católicos eram condenados por abusos sexuais de menores, o número de professores de educação física e de treinadores de equipas desportivas (...) considerados culpados do mesmo delito nos tribunais americanos atingia os seis mil. (...) Dois terços dos abusos sexuais a menores não são feitos por estranhos (...) mas por membros da família» (www.cesnur.org/2010/mi_preti_pedofili.html). E omitem-se factos incómodos, como «80% dos pedófilos são homossexuais» (idem).

Descuidadas nos dados, as notícias fervilham de comentários e interpretações. Muitas antecedidas de frases como «até há quem pense...», o que permite colocar a seguir o que se quiser, pois há sempre quem pense o mais abstruso. Espanta que jornais respeitáveis entrem nestas práticas. Práticas cuja finalidade fica clara ao ler-se a conclusão invariável: «perda de autoridade moral da Igreja». Mas a autoridade da Igreja vem de outro lado. E que autoridade moral tem o jornal para dizer isto? O contexto é a guerra cultural. Parecendo combater a pedofilia, visa-se a promoção do aborto, eutanásia, divórcio, promiscuidade.

A prática é tradicional. Assim se criou há séculos o mito da Igreja sanguinária nas cruzadas e Inquisição. Tirando os casos do contexto, relacionando épocas diferentes e empolando os números, gerou-se a lenda do terror inquisitorial em que hoje ainda até muitos católicos acreditam. Não importa que os processos fossem rigorosos e transparentes, as condenações uma ínfima minoria dos casos julgados e pouquíssimas face às execuções civis, numa épocas de pena capital habitual. Julgadas em contexto cultural muito diferente, essas informações distorcidas e parciais criaram uma das maiores falsificações da História.

Nada disto anula os terríveis pecados cometidos, quer nos atropelos da Inquisição, quer nos indiscutíveis casos de padres pedófilos. Cada injustiça inquisitorial, como cada abuso de menor, é horrível e exige atenção e punição exemplar. Por isso Papa e bispos pedem desculpa e impõem responsabilidades.

Mas o que temos agora é outra injustiça, a de tentar degradar toda uma classe respeitável e, por arrastamento, a maior denominação religiosa do mundo, com acusações apressadas e distorcidas. Como Nero, os jornais hoje querem convencer-nos que os padres comem criancinhas. Como há 2000 anos, esta Páscoa é celebrada ao som do grito «crucifica-o, crucifica-o!»

terça-feira, 6 de abril de 2010

Para quem tem filhos a estudar no Continente

ALERTA:
Passem aos vossos filhos e amigos.Se for verdade é assustador.


No último sábado procurava um telefone público e encontrei um apenas em frente ao estacionamento de Soriana (Pr. Espanha). Estacionei alguns metros mais atrás e desci do carro.

Quando estava a falar chegou um homem sem uma perna e com muletas. Perguntou-me se podia ajudá-lo a marcar um número, e deu-me o cartão de crédito para a chamada e um papel onde estava anotado o telefone.

Com prazer de o ajudar, peguei no papel e comecei a marcar o número. Então em poucos segundos comecei a sentir-me mal, sentia que desmaiava. Acontecia algo de anormal!... Corri para o carro e fechei-me, enjoado. Tonto, tentei ligar o carro e afastei-me um pouco, estacionando mais adiante... Depois, não lembro mais nada.

Mais tarde despertei enjoado; a cabeça estourava-me... Consegui chegar até minha casa, seguindo de imediato para o hospital.

Após os exames ao sangue, confirmou-se o que suspeitavam: Era a droga que está de moda: a "Burundanga" ou Escopolamina.

"Tiveste sorte - disse-me o médico; não foi uma intoxicação, mas a reacção à droga... Não quero imaginar o que teria acontecido se os teus dedos tivessem absorvido toda a droga ou ficasses lá mais 30 segundos...".

Com uma dose mais forte, uma pessoa pode ficar até oito dias "desligada deste mundo". Nunca tinha pensado que aquilo se podesse passar comigo! E foi tudo tão rápido!...

O Médico do hospital (Dr. Raul Quesada) comentou que eram já vários os casos como este e falou dos mortos encontrados sem órgãos: encontraram-se restos dessa droga nos dedos desses mortos. Estão a traficar os órgãos!!!...

Escrevo não para os assustar, mas para os alertar. Não se deixem surpreender! Oxalá nunca aconteça nada convosco! Tenham cuidado e enviem este depoimento a todos os familiares, amigos, vizinhos... Podem salvar uma vida!

A escolopamina ou burundanga, usada também em medicina, provém da América do Sul e é a droga mais usada pelos criminosos (geralmente em número de 3) que escolhem as suas vítimas. Actua em 2 minutos, faz parar a actividade do cérebro e com ela os criminosos roubam a vontade às vítimas fazendo-lhes o mal que pretendem: roubos, abusos, etc. ELA NÃO SE LEMBRARÁ DE NADA!!

Em doses maiores pode fazer a vítima entrar em coma e até levar à morte.

Pode ser apresentada em rebuçados, doces, papel, num livro que se abre... um pano, que uma vez aberto, deixa escapar a droga em forma de gás....Cuidado com pessoas que vêm falar connosco, como se nos conhecessem...especialmente nas estações... Não deixe entrar em casa estranhos!!

Reenvie e alerta toda a gente dos seus contactos.

Ana Paula Fradinho

Instituto da Droga e da Toxicodependência, IP

Departamento de Planeamento e Administração Geral

Núcleo de Gestão de Recursos Humanos

Pç de Alvalade, n.º 7 - 8.ª piso

1700-036 Lisboa

Para quem tem filhos a estudar no Continente

ALERTA:
Passem aos vossos filhos e amigos.Se for verdade é assustador.


No último sábado procurava um telefone público e encontrei um apenas em frente ao estacionamento de Soriana (Pr. Espanha). Estacionei alguns metros mais atrás e desci do carro.

Quando estava a falar chegou um homem sem uma perna e com muletas. Perguntou-me se podia ajudá-lo a marcar um número, e deu-me o cartão de crédito para a chamada e um papel onde estava anotado o telefone.

Com prazer de o ajudar, peguei no papel e comecei a marcar o número. Então em poucos segundos comecei a sentir-me mal, sentia que desmaiava. Acontecia algo de anormal!... Corri para o carro e fechei-me, enjoado. Tonto, tentei ligar o carro e afastei-me um pouco, estacionando mais adiante... Depois, não lembro mais nada.

Mais tarde despertei enjoado; a cabeça estourava-me... Consegui chegar até minha casa, seguindo de imediato para o hospital.

Após os exames ao sangue, confirmou-se o que suspeitavam: Era a droga que está de moda: a "Burundanga" ou Escopolamina.

"Tiveste sorte - disse-me o médico; não foi uma intoxicação, mas a reacção à droga... Não quero imaginar o que teria acontecido se os teus dedos tivessem absorvido toda a droga ou ficasses lá mais 30 segundos...".

Com uma dose mais forte, uma pessoa pode ficar até oito dias "desligada deste mundo". Nunca tinha pensado que aquilo se podesse passar comigo! E foi tudo tão rápido!...

O Médico do hospital (Dr. Raul Quesada) comentou que eram já vários os casos como este e falou dos mortos encontrados sem órgãos: encontraram-se restos dessa droga nos dedos desses mortos. Estão a traficar os órgãos!!!...

Escrevo não para os assustar, mas para os alertar. Não se deixem surpreender! Oxalá nunca aconteça nada convosco! Tenham cuidado e enviem este depoimento a todos os familiares, amigos, vizinhos... Podem salvar uma vida!

A escolopamina ou burundanga, usada também em medicina, provém da América do Sul e é a droga mais usada pelos criminosos (geralmente em número de 3) que escolhem as suas vítimas. Actua em 2 minutos, faz parar a actividade do cérebro e com ela os criminosos roubam a vontade às vítimas fazendo-lhes o mal que pretendem: roubos, abusos, etc. ELA NÃO SE LEMBRARÁ DE NADA!!

Em doses maiores pode fazer a vítima entrar em coma e até levar à morte.

Pode ser apresentada em rebuçados, doces, papel, num livro que se abre... um pano, que uma vez aberto, deixa escapar a droga em forma de gás....Cuidado com pessoas que vêm falar connosco, como se nos conhecessem...especialmente nas estações... Não deixe entrar em casa estranhos!!

Reenvie e alerta toda a gente dos seus contactos.

Ana Paula Fradinho

Instituto da Droga e da Toxicodependência, IP

Departamento de Planeamento e Administração Geral

Núcleo de Gestão de Recursos Humanos

Pç de Alvalade, n.º 7 - 8.ª piso

1700-036 Lisboa