quinta-feira, 15 de julho de 2010

Casamento Gay, de João Pereira Coutinho - in Expresso

Casamento Gay, de João Pereira Coutinho - in Expresso

Casamento "gay"



Abomino histerias.

E o casamento "gay" é histeria.

Segundo dizem, recusar o casamento a pessoas do mesmo sexo é uma "discriminação".

As pessoas dizem a palavra - "discriminação" - e esperam que eu me comova.

Não me comovo.

Claro que é uma discriminação.

E daí?

Todos os dias, a todas as horas, sobre as mais variadas personagens, a sociedade exerce as suas "discriminações".

Se, por mera hipótese, eu pretendesse casar com duas mulheres, estaria impedido pela força da lei.

Não será isto uma "discriminação"?

Por que motivo o Estado impede que três adultos que se amam possam construir uma família em conjunto?
Arrisco hipótese: porque a sociedade estabeleceu os seus códigos de conduta, os seus símbolos, as suas "instituições".

São estes códigos, estes símbolos, estas "instituições" que sustentam a vida em sociedade e não vale a pena questioná-los por cálculo racionalista.

Acabamos por chegar a conclusões francamente lunáticas.

Se o casamento passasse a ser um mero contrato baseado no afecto (a visão sentimental da tribo), não haveria nenhuma razão substancial para impedir todas as formas
possíveis de casamento: entre pais e filhos; entre irmãos; entre duas mulheres e um homem; entre uma mulher e vários homens; etc.

É justo que duas pessoas do mesmo sexo que partilham uma vida em comum possam assegurar certos direitos sucessórios ou fiscais.

Não é justo desmontar o casamento tradicional para acomodar o capricho de uns quantos.

Pior: o gesto apenas abriria uma nova forma de "discriminação" sobre todos os outros - pais e filhos; irmãos; duas mulheres e um homem; uma mulher e vários homens - que são deixados injustamente à porta do matrimónio.

Tenham juízo e, já agora, portem-se como homenzinhos.

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